Raquel Vasconcelos, antiga estudante da licenciatura em Biologia na Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP) e investigadora no CIBIO-InBIO, participou recentemente numa missão em Cabo Verde, na ilha do Fogo e nos Ilhéus Rombos, no âmbito do projeto "Conservação dos répteis da ilha do Fogo". O projeto conta com o apoio da Direcção Nacional do Ambiente (DNA) de Cabo Verde e da ONG Projecto Vitó.
O trabalho liderado pela alumna da FCUP consiste em estudar o lagarto de Vaillant (
Chioninia vaillantii), uma espécie endémica listada como ameaçada pela União Internacional para Conservação da Natureza e que se encontra ainda pouco estudada.
A missão coordenada por Raquel Vasconcelos teve como objetivos saber se existem lagartos de Vaillant em mais localidades e quais são as temperaturas e humidade necessárias para a presença da espécie em determinado espaço geográfico. Pelas análises laboratoriais já realizadas, os investigadores perceberam que o lagarto de Vaillant está mais tempo nas áreas frias que a lagartixa de Delalande (espécie endémica) e que existem diferenças também entre as espécies relativamente à ecologia hídrica.
O trabalho no terreno permitiu ainda perceber que, para além da perda de habitat e a falta de conhecimento, as alterações climáticas e a introdução de espécies exóticas, como o rato doméstico, podem também estar entre os fatores que ameaçam esta espécie.
A missão, que decorreu entre maio e junho, teve também uma componente educacional. Segundo a alumna da FCUP, os resultados preliminares do trabalho junto dos mais jovens foram muito satisfatórios. Os investigadores notaram uma mudança positiva na perceção dos répteis em geral e do lagarto de Vaillant em particular após a realização de um vídeo sobre o lagarto em conjunto com alunos, bem como um aumento do conhecimento sobre o grupo e a espécie-alvo.
No âmbito desta iniciativa, que foi alvo da atenção dos meios de comunicação social locais (
TCV e
Inforpress), será dada formação aos técnicos do Projecto Vitó de modo a continuarem os trabalhos de levantamento e recolha de dados. Integram também a equipa do projeto o investigador do CIBIO-InBIO Miguel Carretero, a investigadora da Universidade de Aveiro Alexandra Sá-Pinto, Carlos Fonseca, estudante de mestrado da Universidade de Coimbra e Herculano Dinis, do Projecto Vitó.
© Raquel Vasconcelos