Nuno Cardoso Santos, docente da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), foi um dos responsáveis pela deteção de uma das super terras mais próxima do Sistema Solar, que se encontra a apenas oito anos-luz de distância. O docente integra uma equipa internacional que desenvolveu um estudo recentemente publicado na revista
Astronomy & Astrophysics (
ArXiv:
1902.06004).
O exoplaneta detetado (Gl411b), que com três vezes a massa da Terra provavelmente será rochoso, orbita a estrela Gliese 411 (Gl411), na constelação da Ursa Maior, e é dos exoplanetas telúricos (planetas rochosos, com interior diferenciado - no caso do Sistema Solar, todos os planetas telúricos têm um núcleo, um manto e uma crosta) que mais se adequa à caracterização por imagem direta.
Um dos principais objetivos da astronomia nas próximas décadas será examinar as atmosferas de planetas extrassolares, especialmente dos que se assemelham à Terra. Isso irá permitir entender as semelhanças e as diferenças entre estes planetas e os do Sistema Solar.
A deteção foi efetuada recorrendo ao espectrógrafo
SOPHIE, instalado no telescópio de 1,93m do Observatório de Haute-Provence (OHP), em França. Foi neste telescópio que, em 1995, Michel Mayor e Didier Queloz descobriram o primeiro exoplaneta à volta de uma estrela do tipo solar.
No estudo publicado, a equipa concentrou-se em particular nos exoplanetas que orbitam estrelas anãs vermelhas, cuja massa é inferior a metade da massa do Sol. Estas estrelas representam 80% das estrelas da nossa galáxia e por isso são também a maioria das estrelas que rodeiam o nosso Sistema Solar. A sua baixa massa facilita a deteção de exoplanetas mais pequenos – potencialmente do tipo terrestre – e localizados na zona de habitabilidade da estrela.
O exoplaneta Gl411b é, em conjunto com Proxima Centauri b, uma das duas super terras mais próximas, e por isso mais adequadas para uma caracterização por imagem direta, algo que estará ao alcance de instrumentos como o HIRES, do futuro Extremely Large Telescope (ESO). Este instrumento, cujo desenvolvimento técnico e futura exploração científica tem a participação do IA, está previsto entrar em funcionamento em 2025 e ajudará a entender o comportamento e os limites dos planetas logo abaixo da zona de habitabilidade.
Na equipa internacional está também envolvido o investigador do IA Olivier Demangeon.