Até aqui pensava-se que a formação do bojo central se dava ao longo de duas vias distintas: Os bojos clássicos, formados por estrelas antigas, mais velhas que as do disco, porque se formaram rapidamente antes deste, há cerca de 10 mil milhões de anos. Já os pseudo-bojos são formados por estrelas de idade semelhantes às do disco, pois a formação estelar foi lenta, continuamente alimentada por um fluxo de gás proveniente do disco.
Estes dois cenários implicam que bojos clássicos e pseudo-bojos têm propriedades radicalmente diferentes, mas apesar de inúmeros estudos realizados nos últimos anos, este contraste acentuado nunca foi observado.
Para resolver este estudo, a equipa levou a cabo uma análise espectral sem precedentes a mais de meio milhão de espectros individuais, de 135 galáxias no rastreio IFS CALIFA, de modo a ter resolução suficiente para inferir a história de formação estelar do disco e do núcleo.
O que a estudante Iris Breda e o docente Polychronis Papaderos encontraram implica um tempo de formação de bojos inversamente proporcional à massa total da galáxia. Nas galáxias massivas a formação do núcleo acontece nos primeiros 4 mil milhões de anos, enquanto nas de menor massa a formação ainda está a decorrer, a um ritmo lento.
Este estudo, publicado na revista Astronomy & Astrophysics, revela um cenário comum para a formação do núcleo das galáxias. De acordo com um comunicado do IA, "o estudo revela uma clara continuidade nas propriedades dos bojos, que contradiz fortemente o modelo dos dois cenários distintos de formação. Em vez disso, a evolução do bojo é influenciada por uma mistura de processos rápidos e lentos, cuja importância é governada pela massa e densidade de cada galáxia.”
Este projeto extremamente exigente a nível computacional foi para além de anteriores, não só na quantidade de dados analisados, por ter conseguido separar com precisão o bojo do disco, mas também porque, pela primeira vez, foi feito um pós-processamento das histórias de formação estelar com o código RemoveYoung (nova ferramenta programada para suprimir a contribuição da luminosidade das estrelas jovens do brilho das galáxias). Desta forma foi possível explorar como é que disco e bojo se formaram.
A investigação revelou que a contribuição da luminosidade de estrelas com menos de 9 mil milhões de anos está fortemente relacionada com a massa estelar, densidade de estrelas, idade e enriquecimento químico do bojo. Este novo parâmetro é por isso uma poderosa ferramenta de diagnóstico das propriedades físicas e evolucionárias dos bojos galácticos.
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