Estudante da FCUP investiga impacto ambiental das máscaras descartáveis

Dissertação do Mestrado em Ecologia e Ambiente

Quão degradáveis são as máscaras descartáveis no ambiente? É certo que podem ser uma fonte de contaminação a nível de saúde pública, mas podem ser também uma fonte de contaminação ambiental. Esta é uma das questões que a estudante do Mestrado em Ecologia e Ambiente, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), Ana Catarina Santos, está a investigar no âmbito da sua dissertação. 

“O meu trabalho irá incluir três abordagens complementares: a avaliação da perceção pública sobre a contaminação ambiental com máscaras descartáveis; o estudo de degradação de máscaras ambientais, com fins científicos e didáticos; e o desenvolvimento de estratégias de comunicação e sensibilização para a problemática, assim como de descarte apropriado das máscaras”, explica a estudante. 

Como as fibras sintéticas, que compõem as máscaras descartáveis são feitas de polímeros de plástico nomeadamente polipropileno, desconfia-se que a sua durabilidade “deve ser tão ou mais elevada comparando com vários plásticos que vemos nos mares, o que traz um risco ambiental elevado”.

Microbioma presente no material vai ser estudado após 9 meses no solo 

Com esta ideia em mente, está a ser realizado um estudo de degradação no Campus Agrário de Vairão que irá decorrer durante um ano. “Pretende-se demonstrar a colonização e a degradabilidade do material dos diferentes tipos de máscaras”, conta Ruth Pereira, docente da FCUP, investigadora no GreenUPorto e orientadora da estudante.

Para isso, o material das máscaras será estudado depois de 9 meses de permanência do solo, de forma a perceber-se o grau de colonização pela comunidade microbiana. As alterações à estrutura das máscaras estão a ser estudadas através da microscopia eletrónica de varrimento, uma análise de imagens de alta resolução da superfície de uma amostra, feita em colaboração com o Centro de Investigação em Química (CIQ-FCUP).

Posteriormente, o objetivo é sensibilizar a população e os mais novos com fichas didáticas de ensino experimental para as escolas. “O objetivo é que possam abordar temas como o papel do solo na degradação de resíduos e a problemática dos materiais não biodegradáveis”, refere Ana Catarina Santos. 

Avaliar perceções da sociedade 

Um dos primeiros passos do trabalho da estudante é perceber que perceção tem a sociedade sobre as máscaras descartáveis, através de um inquérito online.  

O estudo conta ainda com a orientação da investigadora Joana Lourenço, do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, da Universidade de Aveiro, e de Sofia Oliveira, estudante de doutoramento em Ensino e Divulgação da Ciência da FCUP. 

Para além desta orientação, a dissertação vai ainda ter a colaboração da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, através dos professores Paulo Almeida e Tiago Barbedo Assis, nas estratégias de capacitação da sociedade na tomada de decisões e adoção de comportamentos de maior respeito pelo ambiente. O projeto de Ana Catarina Santos não se fica por aqui e pretende desenvolver também estratégias para que exista uma recolha seletiva e segura e quem sabe uma valorização das máscaras descartáveis. 

© Ruth Pereira 

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Renata Silva. SICC. 02-02-2021