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FCUP homenageia António Gedeão

Reflexões sobre 'Pedra Filosofal'



Este ano, a propósito do Dia Nacional da Cultura Científica, a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) quis homenagear  o professor de ciências fisico-químicas, Rómulo de Carvalho que foi, também, o poeta António Gedeão. E, que, melhor forma de o fazer, do que com poesia cheia de ciência, que depois se tornou música? Falamos de "Pedra Filosofal", um dos poemas mais conhecidos de um dos maiores poetas portugueses e grande pedagogo e divulgador de ciência.

A partir dos versos deste poema, convidamos docentes e investigadores dos vários departamentos da FCUP, a fazer uma reflexão sobre a área em que trabalham. No fundo, o sonho como uma constante da vida e inspirador para o trabalho em Ciência, porque afinal "sempre que um homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança". 


Este foi o resultado: 


Eles não sabem que o sonho é …


"ouro, canela, marfim, 
florete de espadachim"



Conhecimento Científico ou Cultura Científica tão sinónimos como: Blastocisto e Ser humano, Técnica e Ciência, Conhecimento e Avaliação, Preço e Valor, Sobreviver e Viver.

Gedeão expressa magistralmente as implicações desta diferença:

Numa Máscara Grega, tornando a realidade percetível recusando o olhar simplista; Na Caravela Quinhentista dobrando o Cabo das Tormentas e transformando-o no Cabo da Boa Esperança, enfrentando o medo de viajar contra o chão seguro do universalmente conhecido; Na luta individual dum Florete de Espadachim, atrevendo-se a afrontar a autoridade de todas as comissões de “sábios”; Na construção da Caravela Voadora, que inspirou os que quiseram desafiar a gravidade; No atrevimento de sonhar o Desembarque em Foguetão na Superfície Lunar, arriscando o epíteto de D. Quixote e seus moinhos de vento.

Convivi com Biólogos e Médicos (alguns já desaparecidos) que de tudo isto fizeram um HINO À VIDA.


Cristina Cruz, docente do Departamento de Biologia 

crianca_lua
©
 Shutterstock


"…caravela quinhentista,

que é Cabo da Boa Esperança, …"


A aventura portuguesa dos descobrimentos, iniciada em 1415 com a conquista de Ceuta, logo seguida pela ocupação da Madeira em 1419 e, posteriormente, pela descoberta e povoamento dos Açores em 1427, foi, na sua essência, um espantoso empreendimento no qual o método científico, na terminologia dos dias de hoje, foi aplicado com uma amplitude desconhecida à época. Sobre o patrocínio e coordenação do Infante D. Henrique, a contratação para a Escola de Sagres dos melhores conhecedores dos assuntos oceânicos independentemente da sua origem, raça e religião, as expedições marítimas de extensão programada com o objetivo de avançar um pouco mais no mar desconhecido, registando ventos e correntes e regressando à base para comunicar esse conhecimento e planear excursões mais longas, o aprimoramento das técnicas de navegação baseadas no Sol, na Lua, nas estrelas, tudo isso são manifestações do suporte científico que ancorou uma realização assombrosa deste país, tão limitado em território e em população, mas que mesmo assim avançou com uma determinação e resiliência ao infortúnio e ao sofrimento que não deixa de espantar geração após geração, até aos dias de hoje. Como foi possível suportar tal provação? Por um lado, a confiança no saber sustentado pela Ciência da navegação, que não é dado a interpretações e a opiniões, simplesmente traduz a realidade, por outro, a esperança de chegar a um cabo, a um limiar a partir do qual se colherá os frutos do que foi plantado com tanto sangue, suor e lágrimas, e que cabo esse senão o Cabo da Boa Esperança!   

José Luís Santos, docente do Departamento de Física e Astronomia 

cabo
©
 Rosino




"...como esta pedra cinzenta em que me sento e descanso"


"Pedra Filosofal" celebra a pedra, a "pedra cinzenta"! Nela nos sentamos e descansamos sentindo a emoção de um percurso de milhões de anos desde a deposição dos primeiros grãos no fundo de um oceano, ou do início do arrefecimento de um magma incandescente. Impõe-se magistralmente ao longo do território, exibindo tonalidades conferidas pelos minerais que, em perfeita harmonia, são a sua diversidade. Granito, xisto, ardósia, quartzito, arenito, são todas pedras cinzentas. Todavia, apenas uma, o "grauvaque", nome invulgar para uma rocha, significa simplesmente "pedra friável cinzenta". De norte a sul do País o grauvaque conta uma história revelando uma agitada turbulência por correntes de turbidez no fundo do mar, que se transformou no suporte onde o Homem se senta, descansa e sonha...


Angela Almeida e Maria dos Anjos Ribeiro, docentes do Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território 

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©
Maria dos Anjos Ribeiro | Na foto: Grauvaques - Rio Ocreza (Beira Baixa)



"...bichinho álacre e sedento, 

de focinho pontiagudo..."

 

A matemática, como os sonhos a que Gedeão se refere, é, apesar das aparências, bem concreta e definida como a pedra em que o poeta se senta e descansa. Os sonhos matemáticos deram origem à navegação através de longas distâncias, à medição do cosmos, aos códigos corretores de erros sem os quais os telemóveis seriam inúteis. A matemática é um sonho multimilenário, um bichinho álacre e sedento, de focinho pontiagudo, que fossa através de tudo, encontrando padrões e regularidades escondidas do universo que nos rodeia, possibilitando entender mais e ver além dos nossos limitados sentidos, abrindo horizontes para outros mundos que de outro modo ficariam desconhecidos.


António Machiavelo, docente do Departamento de Matemática

math
©
Shutterstock




"...o sonho comanda a vida!"


Quem trabalha em Química, inspirado em Gedeão, sabe que o sonho comanda a vida!

A pedra filosofal, como procura do elixir eterno, é a poção que fascina pela transformação de metais vis em nobres e, ao mesmo tempo, ontem e hoje, fascina também pela vida tão bem vivida que se eterniza.

Não fosse Gedeão, ele próprio, físico-químico, e desconfiaríamos que versos com cor, canela, bolas e átomos, são hinos ao objeto da nossa ciência química: precisamente tudo o que há no cosmos e pode ser melhor conhecido.

Fazer química é analisar, sintetizar, misturar, ensaiar e compreender. Conhecer a transformação e transformar. 

Ser químico é transformar-se, é abrir-se à mudança, é sonhar…


João Paiva, docente do Departamento de Química e Bioquímica

alquimia
© Shutterstock



Rómulo de Carvalho, que estudou na nossa FCUP, tem um percurso que vale a pena recordar. 

Entre livros, poemas e divulgação de ciência, consultar aqui algumas notas biográficas sobre Rómulo de Carvalho. 







Renata Silva. SICC. 23-11-2020

 

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