FCUP estuda mineração do mar
Trabalho permite antecipar consequências na ZEE portuguesa
O docente do departamento de Biologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e investigador do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), Miguel Santos, integrou uma equipa do CIIMAR que desenvolveu num
estudo modelos numéricos para antecipar as consequências da mineração no mar profundo em regiões da Zona Económica Exclusiva portuguesa. Luísa Bastos, investigadora no departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território na FCUP, é também uma das autoras deste trabalho.
Numa altura em que a exploração dos fundos oceânicos é anunciada como a próxima grande aposta da indústria extrativa, estes modelos vão permitir prever os cenários de dispersão de sedimentos resultante de atividades mineiras no mar profundo e as suas possíveis consequências sobre os ecossistemas. O estudo, desenvolvido no âmbito do projeto “CORAL – Exploração Sustentável do Oceanos”, numa parceria entre o CIIMAR e o INESC-Tec, foi publicado na prestigiada revista internacional Science of the Total Environment.
A mineração no mar profundo apresenta-se como possibilidade atrativa para a obtenção de metais e minerais para a indústria. O fundo oceânico da Zona Económica Exclusiva (ZEE) portuguesa, em particular nas áreas próximas de fontes hidrotermais, apresenta sulfuretos maciços ricos em cobre ou níquel entre outros elementos, materiais com alto interesse económico. No entanto, grande parte destes recursos localiza-se em áreas próximas de ecossistemas únicos de grande valor ecológico, que podem vir a ser danificados devido não só às próprias atividades de extração, mas também pela emissão e transporte de sedimentos e pelo ruído ou luz associados.
Este estudo permitiu perceber que, antes de se começar a licenciar atividades de mineração em mar profundo, é fundamental estabelecer orientações ambientais e de gestão que permitam uma exploração sustentável minimizando os seus impactos. Para isso é preciso desenvolver ferramentas que permitam antecipar os seus efeitos. O docente da FCUP, Miguel Santos, é um dos investigadores principais da linha "Ferramentas" deste projeto.
Na prática estes modelos numéricos poderão prever o possível raio de impacto das atividades de mineração no mar profundo, delimitar zonas de proteção dos ecossistemas, apoiar a implementação de planos de monitorização e avaliação de riscos, e desenho de ações de mitigação.
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