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A valorização da Castanha Portuguesa

Por Luís Guido, docente e investigador do Departamento de Química e Bioquímica





A castanha portuguesa é reconhecida internacionalmente pela sua elevada qualidade, não só organolética, mas também pelas suas excecionais propriedades para transformação industrial. Assim, há ciência na escolha das nossas castanhas com impacto no sabor, na produção local e também na nossa economia.

Portugal é o segundo maior produtor de castanha a nível europeu, o segundo país exportador da Europa e o quarto do mundo. De acordo com os dados oficiais, a exportação é o destino de mais de um terço da castanha produzida em Portugal, sendo o segundo fruto com maior taxa de exportação atual, a seguir à pera Rocha.

O facto de a produção de castanha em Portugal assentar principalmente em variedades autóctones é um importante fator de diferenciação a favor da identidade da Castanha Portuguesa.

As variedades autóctones pertencem à espécie de castanheiro europeu (Castanea sativa). As espécies Castanea crenata e Castanea mollissima oriundas do Japão e China, respetivamente, são potenciais concorrentes de C. sativa em Portugal, uma vez que são resistentes a pragas e doenças, produzindo castanhas bastante grandes, mas com pouco sabor. Estes castanheiros são bastante solicitados para produção de híbridos, resistentes sobretudo à doença da tinta, a principal ameaça do castanheiro em Portugal e na Europa.

O cultivo de variedades tradicionais tem vindo, pois, a decair, à medida que são gradualmente substituídas por novas variedades híbridas, aumentando a dificuldade na identificação desses híbridos interespecíficos com diferentes classificações filogenéticas.

A produção de castanha concentra-se essencialmente na região Norte do país, que representa 88% da área de produção e 82% da produção declarada de castanha. Foram criadas em Portugal quatro regiões demarcadas com Denominação de Origem Protegida (DOP): DOP da Terra Fria, abrangendo uma área de 12.500 hectares, inclui 10 variedades (Longal, Judia, Cota, Amarelal, Lamela, Aveleira, Boaventura, Trigueira, Martaínha e Negral); DOP da Padrela, abrangendo uma área de 6.000 hectares, inclui 5 variedades (Judia, Lada, Negral, Cota e Preta); DOP dos Soutos da Lapa, abrangendo uma área de 4.000 hectares, inclui apenas 2 variedades (Martaínha e Longal) e DOP de Marvão-Portalegre, que ocupa cerca de 900 hectares e inclui 3 variedades (Barea, Clarinha e Bravo).

Em Portugal, Longal é a variedade mais antiga, que se distribui por todas as regiões de produção, sendo considerada a melhor variedade para transformação industrial. As variedades Judia e Martaínha são geralmente preferíveis para o mercado fresco, devido à sua maior dimensão. Algumas variedades como Longal, Amarelal e Verdeal também são encontradas no norte de Espanha.

Para valorizar a Castanha Portuguesa, é necessário que o consumidor final seja capaz de distinguir as diferentes variedades e as suas características, fazendo uma compra informada e promovendo o crescimento da produção de variedades de qualidade superior. No caso da castanha, esta falta de conhecimento do consumidor faz com que o principal critério de compra seja o calibre (tamanho), o que não só põe em causa um conjunto de variedades autóctones, mais pequenas, mas de qualidade superior, como poderá futuramente contribuir para facilitar a entrada no nosso país de castanhas de diferentes origens.

O contexto atual da pandemia global de SARS-CoV-2 conduzirá a mudanças no padrão de consumo e comportamento alimentar que permitirão economizar recursos, desencorajar movimentação de bens e melhorar o meio ambiente. Os produtos endógenos, genuínos e diferenciadores de cada região assumirão, assim, um papel crescente na promoção da economia local e regional e, consequentemente, no desenvolvimento do território. Torna-se, portanto, necessário desenvolver mecanismos adequados de verificação da autenticidade da Castanha Portuguesa, adaptados para preservar as espécies/variedades nacionais relacionadas com as produções locais e valorizando a fileira da castanha em Portugal.

Castanha: um alimento com valor nutricional 

A castanha é um alimento muito interessante do ponto de vista nutricional. Constituída maioritariamente por hidratos de carbono, dos quais se destacam quantidades apreciáveis de amiloses e amilopectinas, apresenta menor teor calórico quando comparada com outros frutos secos, uma vez que é pobre em gordura (essencialmente polinsaturada). É uma fonte de nutrientes, nomeadamente vitaminas, minerais e compostos químicos protetores das células. Das vitaminas presentes na castanha são de realçar a vitamina C, vitamina B6 e ácido fólico. Quanto aos minerais, a castanha fornece cálcio, ferro, magnésio, potássio, fósforo, zinco, cobre, manganésio e selénio. Além de não conter colesterol, é um alimento isento de glúten, sendo, portanto, uma fonte de energia bem tolerada por pessoas com doença celíaca.

 

castanhas
© Shutterstock


Sobre o autor: 

Luís Guido é atualmente Professor Auxiliar da área de Química Analítica da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e Investigador do Laboratório Associado LAQV / REQUIMTE-UP.  Assumindo a Análise de Alimentos como a sua área de investigação, esteve na criação do curso de Mestrado em Tecnologia e Ciência Alimentar da FCUP, em colaboração com a Universidade do Minho. L. Guido combina a experiência académica com investigação aplicável ​​à indústria agroalimentar, coordenando vários projetos e protocolos estabelecidos com parceiros. 









Editado por Renata Silva. SICC. 10-11-2020

 

 

 

 

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