CULTURA DE CÉLULAS E TECIDOS VEGETAIS IN VITRO
Fundamentação do Plano de Formação
A micropropagação é a multiplicação de linhas vegetais seleccionadas através de cultura de tecidos. Esta tecnologia tem permitido a produção de plantas de interesse económico em diferentes sectores, por exemplo, agronómico, hortícola, ornamental e florestal. Para além da sua aplicação na investigação científica fundamental, a micropropagação pode ainda ser utilizada na produção de plantas isentas de vírus, no melhoramento de espécies e na produção de metabolitos secundários com aplicações na área da saúde.
Uma pequena secção de tecido vegetal pode dar origem a uma massa de tecido indiferenciado (tecido caloso) a partir da qual pode ser induzida a diferenciação de órgãos (organogénese) tais como raízes e caules, ou de embriões somáticos (assim chamados por oposição aos embriões zigóticos). Estes embriões somáticos podem, por sua vez, originar novas plântulas. Mais tarde, estas plântulas obtidas por várias técnicas de propagação in vitro podem ser transferidas para a terra. A regeneração de plantas por micropropagação pode ser ainda conseguida através da cultura de protoplastos e de microsporos, sendo que esta última conduz à obtenção de plantas haplóides. Estas técnicas, descritas de modo muito resumido, foram desenvolvidas e perfeitamente estabelecidas por docentes e investigadores universitários integrados na entidade proponente que dispõe das condições logísticas, nomeadamente laboratórios e equipamentos, para a sua aplicação.
O trabalho experimental adquire uma importância particular no ensino por pesquisa, segundo Cachapuz et al. (2002). Trata-se de um instrumento indispensável numa educação científica que procura mudar e reestruturar atitudes e comportamentos antigos no sentido de uma formação contínua ao longo da vida. As actividades experimentais irão gerar situações nas quais os dados obtidos pela via laboratorial são tema para discussão. Os resultados não são conhecidos a priori e, como tal, os professores-formandos irão lê-los através das teorias que conhecem e de outras vivências pessoais do quotidiano.
No ensino por pesquisa, o eixo central é a resolução de problemas gerados a partir da análise do conhecimento disciplinar (Pozo & Crespo, 2006). Nesta acção de formação, irão assim ser propostos alguns trabalhos experimentais cujo desenvolvimento deverá assentar na resolução conjunta de problemas por parte do formador e dos professores-formandos.
Tanto o programa de Biologia e Geologia de 11º e 12º ano como o programa de Biologia de 12º ano contêm rubricas nas quais a micropropagação se enquadra. No primeiro caso, a unidade 6 é dedicada à reprodução e desenvolve especificamente o tema da reprodução assexuada. Neste contexto, prevê-se não só a recolha e interpretação de diversos dados relativos a processos de reprodução assexuada em diferentes tipos de organismos como também a planificação e execução de actividades laboratoriais e experimentais. No 2º caso, o programa de Biologia de 12º ano inclui uma unidade sobre produção de alimentos e sustentabilidade (unidade 4) que aborda formas de resolver os problemas da alimentação humana, discutindo-se a criação e o melhoramento de espécies como estratégias possíveis na produção biotecnológica de alimentos. A micropropagação pode igualmente ser contextualizada nesta rubrica, que prevê a análise e interpretação de técnicas de cultura de tecidos vegetais e a compreensão das suas potencialidades.
Neste sentido, esta acção de formação irá contribuir para que os professores do ensino básico e secundário venham a aplicar com mais frequência o ensino experimental das ciências nas suas aulas. Por outro lado, a realização da acção em contexto universitário irá certamente promover o conhecimento mútuo da realidade do ensino universitário e pré-universitário
· Contribuir para a formação de professores na área da cultura de tecidos vegetais in vitro
· Promover a prática experimental dos professores para uma futura abordagem do ensino experimental das ciências em contexto escolar
· Consciencializar para a importância dos contextos sociais e tecnológicos na construção do conhecimento científico
· Familiarizar os formandos com as metodologias na área da micropropagação, podendo implementá-las na sala de aulas a alunos do 12º ano de Biologia, facilitando o processo de ensino/aprendizagem
1ª sessão (T) 3h Introdução sobre as técnicas de cultura de tecidos in vitro para a obtenção de plântulas, com destaque para a organogénese e a embriogénese somática.
2ª sessão (TP) 4h Princípios básicos da manipulação em condições assépticas. Constituição dos meios de cultura e sua preparação.
3ª sessão (TP) 4h Continuação da preparação e esterilização de meios de cultura. Manutenção de culturas anteriores. Regeneração de plantas de cenoura (Daucus carota) a partir de tecido caloso em meio sólido e de embriões somáticos por cultura em meio líquido.
4ª sessão (TP) 4h - Manutenção de culturas anteriores em meio sólido e em meio líquido. Obtenção de plântulas a partir de inflorescências de couve-flor (Brassica oleracea var. botrytis).
5ª sessão (TP) 4h Micropropagação por formação e proliferação de rebentos adventícios de violeta africana (Saintpaulia ionantha). Manutenção das culturas anteriores.
6ª sessão (TP) 4h - Continuação da manutenção das culturas anteriores. Observação ao microscópio óptico das características de citodiferenciação e registo fotográfico dos resultados.
7ª sessão (avaliação) 2h Elaboração de relatório.
Metodologias
Sessões teóricas: 1 sessão de 3 h
Sessões teórico-práticas: 5 sessões de 4 h
Avaliação: 1 sessão de 2 h
Total: 25 h
Ficha de inscrição * envie a sua ficha de inscrição para formacao.continua@fc.up.pt
As inscrições são consideradas definitivas após o pagamento da propina.