Ferreira da Silva | Química para a vida, uma vida de química.
38 Ferreira da Silva / Química para a vida, uma vida de química A qualidade do trabalho de análise às águas do rio Sousa terá contribuído decisivamente para o convite que o Presidente da Câmara José Augusto Correia de Barros fez a Ferreira da Silva em 1882, para planear e dirigir os trabalhos de um laboratório químico municipal. Estava em curso o plano de melhoramentos apresentado à Câmara em setembro de 1881, no qual eram sinalizadas as grandes causas de risco da saúde pública: o estado sanitário das rezes mortas para o consumo, o estado de conservação da carne e do peixe postos à venda mas, principalmente, a má qualidade dos géneros alimentícios em resultado de se acharem tão aperfeiçoados os processos de falsificação. Seguindo o exemplo das principais cidades de outros países europeus, tal laboratório faria análises a géneros cuja pureza levantasse dúvidas: gratuitamente se a ordem partisse de um organismo oficial; com um certo custo se a pedido de um particular, mais elevado para uma análise de natureza quantitativa do que para uma de natureza qualitativa. O Laboratório Químico Municipal e Posto Fotométrico do Porto Era então vereador e foi encarregado da supervisão de tal laboratório Arnaldo Anselmo Ferreira Braga, médico e lente jubilado da Academia (havia sido o lente de Zoologia de Ferreira da Silva dez anos antes). O laboratório, um edifício de raiz, modesto mas obedecendo às condições de iluminação, ventilação, produção de calor e acondicionamento e disposição do material requeridas por um laboratório moderno, foi erguido ao longo do ano de 1883 na parte norte do terreno nas traseiras da Câmara Municipal (então o Palacete Monteiro Moreira), com frente para a rua do Laranjal. Ferreira da Silva escreveria mais tarde que aceitou um cargo que sabia espinhoso na esperança de lhe serem facultados melhores meios para realizar trabalhos de algum valor do que aqueles de que dispunha na Politécnica, para o ensino. Para orientação na organização dos serviços, empreendeu contactos com o laboratório congénere em Paris, que visitou posteriormente; importou equipamentos da casa francesa Alvergniat Frères, e produtos e reagentes da casa alemã C. Gerhardt. Em 2 de junho de 1884, o laboratório municipal abriu as portas ao público.
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