Ferreira da Silva | Química para a vida, uma vida de química.

30 Ferreira da Silva / Química para a vida, uma vida de química Ferreira da Silva foi promovido a lente proprietário da Secção de Filosofia em maio de 1880, com 27 anos incompletos. No ano seguinte, seria convidado a efetuar análises às águas do rio Sousa, bem como às águas de fontes e mananciais na cidade do Porto, com vista à resolução do problema do abastecimento de água potável à cidade. Este trabalho vinha na sequência de estudos realizados pelo engenheiro francês Eugène Gavand quase vinte anos antes, e integrava-se agora num conjunto de melhoramentos a efetuar com urgência, identificados pelo Presidente da Câmara António Pinto de Magalhães Aguiar e por quem lhe sucedeu no cargo após o seu súbito falecimento, José Augusto Correia de Barros. Ferreira da Silva procedeu às análises à água do rio Sousa e a ensaios comparativos da dureza desta e das águas de múltiplas fontes da cidade do Porto no laboratório químico da Academia Politécnica, entre maio e outubro de 1881. Os procedimentos foram meticulosamente registados num caderno, tendo o estudo dado origem a uma publicação, saída nesse mesmo ano, com os resultados das análises efetuadas, e a conclusão final a favor do aproveitamento da água deste rio para o abastecimento da As análises de águas e o início da carreira de investigação cidade, nos usos doméstico e industrial e na alimentação das caldeiras das máquinas a vapor. Anos mais tarde, seria alvo de intensos ataques por parte de quem contestava a qualidade da água do rio Sousa e as decisões da Câmara Municipal do Porto relativamente à escolha da Companhia à qual adjudicara a empreitada do abastecimento. Vários artigos no diário matutino portuense “A Discussão”, assinados pelo médico Leonardo Torres nos finais de 1886, levaram Ferreira da Silva, ferido na sua dignidade profissional, a ripostar com artigos publicados em outros jornais, reunidos posteriormente num opúsculo, “Réplicas aos meus críticos” (1889). Enviou os resultados das suas análises aos notáveis químicos parisienses Louis Troost, Marcelin Berthelot e Roberto Duarte Silva (este último nascido em Cabo Verde e à época professor de análise química na École Centrale des Arts et Manufactures), para se pronunciarem sobre a qualidade da água do rio Sousa: todos comprovaram a sua potabilidade. Agostinho da Silva Vieira, seu primeiro professor no Instituto Industrial e antigo farmacêutico-administrador da botica do Hospital de Santo António, depôs sobre os excelentes resultados da utilização

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