Ferreira da Silva | Química para a vida, uma vida de química.
16 Ferreira da Silva / Química para a vida, uma vida de química No momento em que se tornou lente na Academia Politécnica, Ferreira da Silva deu início a um plano de atividades em que privilegiava a química laboratorial, procedendo a reformas no laboratório e a um programa de reapetrechamento do mesmo procurando rentabilizar as magras dotações da Academia. São vários os exemplos desses esforços de rentabilização de recursos, plasmados nos registos da correspondência expedida pelo Laboratório. Em janeiro de 1878, Ferreira da Silva solicitava ao diretor da Academia que adiasse a contratação de um guarda por três anos, oferecendo-se para acumular as funções deste com as suas. Os honorários assim poupados reverteriam a favor da compra de instrumentos, aparelhos e produtos químicos de que o Laboratório Químico tinha grande necessidade. Em 1879, era apresentada à Câmara dos Deputados pelo deputado pelo círculo do Porto, obviamente a pedido do jovem lente de química, um projeto de lei contemplando o redireccionamento de até um quarto da verba destinada às obras no edifício da Academia, para a compra de aparelhos e utensílios para o laboratório químico. Tal não foi possível nesse ano… mas novo projeto de lei subiria à Câmara em 1880, desta vez com sucesso! O gosto pelo ensino Num último exemplo, numa carta datada 22 de julho de 1886, Ferreira da Silva dirigia ao rei D. Luís o pedido de uma verba extraordinária para compra de instrumentos de vulto – como uma máquina pneumática de mercúrio, um microscópio e um espetroscópio... - e de diversas coleções de substâncias para uso nas suas aulas, assumindo a insuficiente dotação anual do Laboratório Químico; para afirmar a justiça do seu pedido, evocava a circunstância de ter regido gratuitamente na Academia Politécnica, em dois anos letivos consecutivos (1883-84 e 1884-85), o curso de análise química e química orgânica. Desconhecemos se houve resposta afirmativa do rei, mas é certo que se manteve a intenção de adquirir, entre outras, uma coleção de 63 amostras de substâncias elementares, de que se faria encomenda mais de um ano depois, e que chegou aos nossos dias quase completa, podendo atualmente ser vista numa vitrina do edifício central da Faculdade de Ciências. As reformas no laboratório químico, encetadas a partir de 1879, passaram por substituir a única mesa de trabalho, de grandes dimensões, por mesas de trabalho menores com duas frentes, gavetas e armários em cada frente, estantes centrais para reagentes, e bacias de lavagem e esgoto nos topos, numa arquitetura
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