Ferreira da Silva | Química para a vida, uma vida de química.

9 Origens, formação e admissão como lente da Academia Politécnica Aí frequentou o curso de Filosofia Natural, o que se chamava então ao corpo das cadeiras fundamentais que se dão atualmente numa Faculdade de Ciências: Matemática, Física, Química, Zoologia, Botânica, Mineralogia e Geologia. Os sucessivos anuários da Universidade de Coimbra atestam que foi sistematicamente um aluno premiado, tendo-lhe sido concedido o diploma com o grau de Bacharel em 1876. Para se sustentar teve o apoio financeiro da mãe e de um primo direito, José Joaquim Godinho (este emigrara jovem para o Brasil e aí fizera fortuna, tendo presidido ao prestigiado Real Gabinete Português de Leitura, e promovido subscrições no Rio de Janeiro para acudir a calamidades e à criação de albergues noturnos em Portugal, o que lhe valeria o título de Visconde de Riba-Ul em 1882). Ferreira da Silva anotou meticulosamente os empréstimos do primo, que pagaria integralmente antes de 1880, ano em que se casou com a sua filha Idalina. Em 1875, um conflito relativamente à nota atribuída a Ferreira da Silva em Botânica, maldosamente rebaixada por um elemento do júri de relações cortadas com o lente da cadeira (no que ficou conhecido na imprensa da época como “a questão dos RR”) incomodou-o de tal forma que o terá deixado indisponível, uma vez terminado o curso, para integrar o quadro docente da Universidade, como seria previsível. Em vez disso, ingressou na Academia Politécnica em 1877 como lente substituto da secção de Filosofia, ocupando uma vaga que surgira com o falecimento prematuro do lente de química, Ferreira Girão. Para tal, concorre com o trabalho “ Estudo sobre as classificações chimicas dos compostos orgânicos ”, que dedica ao seu primo e a alguns professores determinantes no seu percurso escolar. Também envia uma cópia a Marcellin Berthelot, uma das suas referências, que o cumprimenta pelo estudo sério e aprofundado que fez. Por inerência do cargo, Ferreira da Silva torna-se diretor do laboratório químico da Academia Politécnica – separado do laboratório químico do Instituto Industrial, o qual ocupa a sala contígua num edifício em que vagarosamente prosseguiam obras para a instalação destas duas escolas. 1.

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