Ferreira da Silva | Química para a vida, uma vida de química.

8 Ferreira da Silva / Química para a vida, uma vida de química António Joaquim Ferreira da Silva nasceu em 28 de julho de 1853, numa cela sobranceira ao claustro do que fora, até 1833, o mosteiro beneditino de S. Martinho de Cucujães (concelho de Oliveira de Azeméis), então propriedade de um tio paterno e com o nome de Quinta da Boa Vista. Foi o primeiro dos quatro filhos do casal António Joaquim e Margarida Emília, de Santiago de Riba-Ul e Lugar da Manta (localidades vizinhas de Cucujães). A família era modesta, com raízes rurais, mas de grande religiosidade: entre o catecismo e a orientação de um farmacêutico de Cucujães terá aprendido as primeiras letras. Entre 1865 e 1870 concluiu os estudos primários e fez os estudos secundários no Colégio do Padre latinista José Henriques de Oliveira Martins, na rua dos Caldeireiros, no Porto. Talvez o programa de estudos liceal não oferecesse conteúdos suficientes no âmbito das ciências físico-naturais para alguém que já demonstrava um vívido interesse por estas matérias: o certo é que frequentou e concluiu com distinção, em sobreposição com o último ano do liceu, um curso elementar de Física e Química do Instituto Industrial do Porto. O Instituto Industrial partilhava instalações com a Academia Politécnica do Porto desde a sua origem como Escola Industrial, em 1852. Desde 1868 que as duas instituições dispunham de um laboratório químico comum na ala leste, no piso térreo (o primeiro que se podia considerar digno Origens, formação e admissão como lente da Academia Politécnica desse nome…) Ferreira da Silva poderá bem ter sido um dos primeiros alunos a beneficiar dessa melhoria nas instalações. Entre 1870 e 1872, fez outras cadeiras do Instituto Industrial (Física com aplicação às Artes; Química aplicada às Artes, Tinturaria e Estamparia; Mecânica Industrial; Mineralogia, Geologia e Arte de Minas), as duas primeiras novamente com distinção. Na Academia Politécnica frequentou e concluiu a 7ª cadeira: Zoologia, mineralogia e geologia, veterinária. Ao mesmo tempo, cumprindo a vontade paterna (o pai havia falecido em 1869) e sob a influência do ambiente familiar, matriculou-se em 1871 no 1ºano teológico do Seminário Episcopal. Data deste período a dolorosa crise de vocação que atravessou, dividido entre a carreira eclesiástica que os seus pais lhe destinavam e a manifesta aptidão para uma carreira científica. Prevaleceu a sua aspiração: no Outono de 1872 parte para Coimbra, matriculando-se na Faculdade de Filosofia da então única Universidade portuguesa.

RkJQdWJsaXNoZXIy NDkzNTY=